Nos jornais e revistas é cada vez mais comum encontrar, a propósito dos mais variados acontecimentos, interpretações que vão buscar psicológia a sua justificação e saber.Artigos na impresa, programas na rádio e na TV analisam quetões e problemas, procurando veicular orientações, atitudes, valores, comportamentos considerados mais adequados:_ Como reagir perante o insucesso escolar?_ Como orientar a educação dos filhos?_ Que fazer nuna situação de divórcio?_ Como reagir com os adolecentes?_ Como lidar com a ansiedade?_ Como conseguir ultrapassar situações de stress? È frequente a publicação de "testes" que têm a pretensão de caracterizar personalidades e comportamentos das pessoas:_ Verifica se és introvertida._ Consideras-te uma pessoa de sucesso?_ És ciumento?Nas secções e nos jornais desportivos, a terminologia psicológica está frequentemente presente. No futebol, a propósito da dispensa de um treinador fala-sede chicotada psicológica; se um jogador é transferido para um clube estrangeiro, comenta-se, em artigos, a necessidade do acompanhamento da família para assegurar o equilibrio psicológico do atleta.Especula-se sobre desajustamentos da equipa com a personalidade do treinador, comenta-se a frustação da direcção do clube, a culpabilidade sentida pelo jogador que falhou o golo, etc...São inumeros os exemplos que reflectem, de forma mais ou menos explícita, que o quatidiano das pessoas está marcado por uma cultura psicológica. Há, por assim dizer, uma apropriação de dados científicos que as pessoas utilizam para interpretar os seus estados e comportamentos, segundo as suas necessidades, expectativas e interesses. O grande consumo e populariadade destas divulgações relacionam-se com a segurança que delas advêm para grande número de indivíduos.Um dos aspectos positivos desta apropriação é ter facilitado a ultrapassagem de múltiplos preconceitos que se colocam relativamente à utilização do apoio técnico dos psicólogos. Para um número cada vez maior de pessoas, o recurso ao psicólogo deixou de ser encarado como uma manifestação de patologia.Contudo, esta acessibilidade dos saberes de psicologia tem aspectos negativos. A excessiva vulgarização adulterou o rigor dos conceitos e teorias explicativas. Ao simplificá-los, transformou-os em esquemas redutores, mecânicos, geradores de estereótipos e preconceitos.A simplificação extrema e o carácter pragmático destas divulgações reflectidas em receitas, conselhos, modos de ser e fazer, traduzem-se numa normalização, muitas vezes instrumento de controlo social.
A psicologiazação abusiva, que se desenrola nestes cenários de vulgarização, constitui ostáculo á comprensão aprofundada dos comportamentos da vida mental, afectiva e relacional. A complexidade da componente psicológica dos seres humanos não se compadece com as simplificações e vulgarizações correntes.
(Um trabalho elaborado por Ana Rita Lucas, para a disciplina de Psicológia de 10º do Curso de Acção Social).
Ana Rita Lucas, TT08
domingo, 26 de outubro de 2008
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