O FUTURO DO SOCORRO EM PORTUGAL?
Ao analisarmos o socorro em Portugal, tal como é praticado no presente, assistimos a um gladiar de várias instituições, de forma a alcançar um protagonismo junto da opinião publica.
Não importa neste momento a qualidade do socorro que se presta ou mesmo se esse socorro é praticado por pessoas com qualidade e reconhecido mérito na área, importa, isso sim, o atropelo diário entre instituições com duplicação de atribuições à custa da qualidade do socorro prestado ao cidadão Bombeiros, INEM, CVP, ANPC, todas estas instituições que, aos olhos da opinião pública, interagem com tanta facilidade, são na verdade “inimigos” de longa data que tentam, através de uma mostra de poderio de meios humanos e materiais, (quem tem mais é melhor) dar uma imagem de grande qualidade no socorro que prestam, quando na verdade existe um desentendimento entre eles que só se conseguem articular no terreno porque assim são obrigados e porque têm de se “aturar” uns aos outros, mais uma vez ás custas da qualidade do socorro prestado.
Será falta de vontade política para que este problema se resolva? Será dos lobbies instalados? Sabe-se porém, que é o comum cidadão que fica a perder com estas quezílias mesquinhas, quando na verdade instituições como as referidas acima servem um propósito maior, só que se esqueceram qual é, o proteger e socorrer o povo de Portugal.
Se não vejamos: a junção do antigo SNPC e o SNB, trouxe uma luz ao fundo do túnel para aqueles que, como eu, defendem a utopia de alguma vez verem os serviços de emergência em Portugal todos unidos sob um único comando e sob uma única instituição, todos a trabalhar para levar o socorro para o Séc. XXI. Em vez disso assistimos a uma tomada de poder por parte de pessoas que já há muito mostram incapacidade de lidar com os problemas do socorro e que de protecção civil pouco ou nada percebem. Então, aprova-se uma lei, (a recente aprovação das novas leis da protecção civil) que transforma, o que se julga deveria ser um serviço de comando táctico e de apoio estratégico, o SNBPC (hoje ANPC) num serviço de combate aos fogos florestais. Esperemos que não aconteça mais nada em Portugal.
Não sei muito bem o que seria de nós.
Em toda a Europa, ou na maior parte dos países do mundo, o socorro é unificado e todas as instituições que o praticam sabem qual é a sua missão e como a desempenhar, vejam o exemplo prático dos atentados de Madrid e como funcionou o socorro a milhares de pessoas.
Para um país que se quer mostrar no Séc. XXI e fazer parte de uma Europa unida, Portugal continua com um sistema de socorro antigo, desadequado e ainda nos inícios do Séc. XX.
Aproveitando o titulo deste pequeno artigo:
Será que existe futuro para o socorro em Portugal?
Alguns de nós querem acreditar que sim, por isso continuam a tentar dar o seu contributo para dignificar uma área há tanto tempo esquecida e muito mal vista aos olhos da opinião pública.
João Pedro Alegria (TT 07)